CAUSA E EFEITO: tudo é o que tem que ser

Toda causa gera um efeito, quem planta chuva colhe tempestade, quem planta algodão não vai colher pedras”. Você já ouviu estes conceitos aplicados aos ensinos espiritualistas. Pois bem, trata-se de uma mentira. A verdade é que toda causa pode gerar efeitos diversos ou nenhum efeito. Parece complicado, mas é algo simples de entender. Causa e Efeito não têm absolutamente nada a ver com Ação e Reação. Vejamos os fatos.

As teorias espiritualistas têm associado a noção de causa e efeito à chamada Lei do Karma, com o objetivo de demonstrar que a pessoa estaria colhendo o que plantou. Ou seja, suas ações (boas ou ruins) levaram-na a uma determinada circunstância existencial. Esta concepção karmológica, na verdade, está vinculada à ideia de ação e reação, postulada pela Terceira Lei da Mecânica de Isaac Newton; e não, ao conceito de causa e efeito.

Uma ação gera uma reação com a mesma força, sentido e direção inversamente proporcionais. É o que postula a Terceira Lei de Newton. Dessa forma, uma ação só pode gerar outra reação exatamente igual, porém inversa. Trata-se, digamos, da teoria da vingança: bateu, levou. Na concepção de causa e efeito, a situação é outra. Uma causa pode gerar vários efeitos, e inclusive, nenhum.

Quem planta (causa) colhe (efeito)? Nem sempre. Se você plantar, dependendo, das condições climáticas e do solo, poderá não colher absolutamente nada. Ou então colherá além do esperado. Note que ao atrelarmos este conceito à teoria do karma, ela se torna frágil.

Com algumas sementes de milho, por exemplo, você pode colher inúmeras espigas em um pé, ou em vários. Isto é, uma causa gerando vários efeitos. Observa-se, portanto, que nem sempre uma causa gera um efeito, e nem sempre este efeito será igual em todos os aspectos.

Transpondo este conteúdo para a realidade existencial, percebemos que no universo a sistemática é esta: uma causa é igual a muitos efeitos, ou pode ser igual a efeito nenhum. Outro exemplo: às vezes, o sujeito é um assassino contumaz sem nunca sofrer um arranhão, e nem ser condenado. Então, não houve efeito. Outras vezes, o sujeito mata e passa a ser perseguido, excluído pela sociedade, ou ainda aplaudido e venerado. Portanto, efeitos diferentes.

Alguém poderá dizer, então: _ ah, é preciso saber plantar para colher bem. Nada disso. No dia a dia, percebe-se uma infinidade de situações nas quais as pessoas fazem tudo certinho, mas não têm os resultados esperados. Pare para refletir e vai comprovar o que estou falando.

Alguém, também, pode dizer: _ ah, mas a vida atual é efeito do que fizemos (causa) nas outras. Uma bobagem! Pois, a justiça divina não teria sentido algum ao permitir que os efeitos das nossas ações se dispersassem por outros mundos e vidas, indefinidamente, e se voltassem sempre contra nós. Que aprendizado seria este? Dessa forma, nunca pararíamos de sofrer, já que estamos continuamente dando causa a algo. Faz parte do jogo. E quem me garante que a causa (ação) que considero boa para mim teria o mesmo valor para os outros? Refletir é preciso.

Jesus Cristo divulgou a paz e o perdão dos pecados (causa) aos seus contemporâneos e foi morto de forma ultrajante (efeito adverso). Barrabás roubou e matou (causa) e antes de sofrer o castigo maior (a morte na cruz) foi libertado por suas vítimas sociais (efeito adverso). Gandhi pregou e agiu sob os auspícios da não-violência (causa) e foi assassinado de forma covarde por alguém a quem nunca tinha causado mal algum (efeito adverso).

José Datrino, o profeta Gentileza, (1917-1996), pelas ruas do Rio de Janeiro, pregava a gentileza (causa) como geradora de gentileza (efeito). E sempre foi tratado como um louco e idiota pelos transeuntes. E o que menos recebeu em troca foi a gentileza (efeito adverso). Neste caso, podemos dizer que não houve efeito. Todos estes personagens teriam colhido o que plantaram? Os fatos mostram que não.

Causa e efeito não são conteúdos iguais e nem interagem reciprocamente como na lei da ação e reação. Se analisarmos criteriosamente, a noção de karma vai ao chão quando compreendemos que o universo não trabalha desta forma. Estamos, na verdade, cumprindo papéis delineados pela Grande Mente (Deus) por algum propósito que ainda não conhecemos.

Portanto, a vida é pulsante e desprovida de crenças e regras lógicas. O que nos conduz é a força poderosa da Criação, autônoma em todos os sentidos e autoconsciente. 


Em síntese, tudo é o que tem que ser, e pronto. É preciso, dessa forma, analisarmos com cuidado as teorias supostamente coerentes, ligadas a algum credo religioso ou pseudo-ciência, para que não sejamos enganados pelas crenças estéreis.

Autor: Gesiel Albuquerque

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