Nossas Múltiplas vidas
A
existência, ao contrário do que muitos espiritualistas divulgam, não é linear,
começando de baixo para cima ou do zero ao infinito. A existência, ou melhor:
as existências são múltiplas e simultâneas. Isso mesmo! Vivemos aqui e em
outros espaços e dimensões ao mesmo tempo.
A
ciência já cansou de provar que o tempo é uno e não se divide em passado, presente e futuro.
Tal divisão é meramente didática e objetiva dar certa noção de continuidade às
nossas mentes viciadas em uma visão tridimensional da realidade: inicio (altura),
meio (largura) e fim (profundidade).
Se
aceitarmos esta concepção simultânea da realidade, defendida pela ciência
quântica, poderemos ter um entendimento ampliado do que significa a existência
humana neste planeta e nesta região do espaço sideral. Com isso, passaremos a
relativizar, isto é, a aceitar a relativização desta mesma realidade na qual
estamos inseridos.
Ao
aplicarmos a relatividade observacional nas nossas análises, perceberemos
algumas respostas às tantas perguntas que não têm respostas e que nos inquietam
tanto. Percebam que estamos presos a uma compreensão de bem e mal,certo e errado,
pecado e perdão, felicidade e sofrimento atrelada
à dualidade mental que internalizamos desde o nascimento.
É
por isso que muita gente tem receio de sair desta dualidade. Pois se darão
conta de que muitas coisas nas quais acreditam e têm como verdades inexoráveis,
não passam de construções psicológicas pouco consistentes, quando confrontadas
com a noção de espaço, tempo e gravidade. Certos conceitos e crenças milenares
cairiam por terra. E aí? O que fariam depois, sabendo que nada do que
aprenderam, ou em quem acreditavam, se confirmara perante a grande existência
cósmica?
A
partir desta observação relativista, é possível compreender o nosso caminho
existencial e perceber que somos projeções de nós mesmo em diversos mundos e
dimensões paralelas, e que estamos cumprindo scripts
arquitetados pela Grande Mente Criadora: Deus. Em síntese, cada um
tem o seu papel e o cumpre impreterivelmente.
É
possível compreender também o porquê dos sofrimentos, das dores e alegrias que
vivenciamos. Existem consciências (e não são poucas) muito atentas ao nosso
projeto existencial e ao que representamos perante a Grande Obra. Alertas a
isso, farão de tudo para nos interromper e nos anular, a fim de, mexendo no futuro
(?) alterarem o nosso presente, e vice-versa.
Ao
relativizarmos a nossa compreensão de vida permite-nos perceber o quão frágil é
a conceituação de karma,segundo
a opinião ocidental, que estranhamente atrela-o à Terceira Lei da Mecânica de
Isaac Newton (1643-1727): “Se um corpo A aplicar uma força sobre um corpo B
receberá deste uma força de mesma intensidade, mesma direção e de sentido
contrário”. |FA-B| = |FB-A|. Princípio da ação
e reação.
Antes
de Newton nascer, a noção de Karma já existia entre os povos budistas, hinduístas,
janistas e outros. E não tinha esta concepção mecanicista e vingativa.
Ainda assim, os conceitos de superação ou vingança relativizam-se quando
confrontados com as forças que agem sobre nós, embora não sejam visíveis. Para
tanto, é preciso escapar da dualidade e enxergar o tempo como de fato ele é:
único, e sempre no agora.
Ao
aceitarmos que somos um aglomerado de EUs atuando em vários tempos, espaços,
situações e lugares, e que a ação de um desses EUs interfere diretamente na
reação dos outros EUs em nós. (Não estou falando das outras pessoas. Estou
falando de nós mesmos). Aí entenderemos que estamos todos interconectados e
vivenciando exatamente aquilo que estamos programados para vivenciar. E isso
não tem a ver com religião, crença ou fé.
Imaginemos
a seguinte situação: João está no planeta Terra e passa por estranhos
acontecimentos em sua existência. E isso lhe faz sofrer com perdas, inimigos
atuais e antigos, insucessos pessoais, humilhações etc. Ele não entende porque
passa por isso, já que é um cidadão de bem, cumpridor dos seus deveres e
até religioso.
João
procura ajuda que o alivia, mas não faz cessar a sua dor. Ele é informado que
sofre porque praticou muito o mal em outras vidas, e acredita. Mal sabe ele que
neste exato momento, suas partículas conscienciais homólogas estão a sofrer
castigos em outros mundos (do futuro), porque descobriram que o seu projeto
existencial estará sempre em oposição aos interesses dos maiorais do universo-verso, ou do universo-anverso. Em síntese,
João estaria "pagando" um karma.
Observa-se,
desta forma, que o tal karma dos
erros do passado não passa de uma interpretação equivocada da realidade.
Conclusão para o caso de João: nos comprometemos com tudo o que fazemos
simultaneamente, no eterno agora. E isso não significa necesariamente um karma a pagar. Se fosse
assim, este planeta não existiria, pois nele só tem devedores; e a cada dia
chega mais.
Parece
inverossímil e difícil de aceitar. Porém, basta percebermos que os propósitos
da Grande Mente estão muitíssimo além do que
imaginamos. E que somos oriundos da mesma fonte criadora. Em sendo assim, a
noção de bem ou mal, certo ou e errado, culpa ou
perdão, se perde no
emaranhado das contextualizações atinentes a cada mundo ou dimensão. Isto é,
cada lado faz as suas leis. E assim prosseguimos na Grande Obra, com as nossas
múltiplas vidas, e executando os nossos scripts.
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