Disfarçar a dor

Muita gente costuma fingir um estado de tranquilidade para continuar a existência sem grandes confrontos. É enorme a quantidade de pessoas vivendo assim espalhadas por todo o globo terrestre. Os dramas individuais passam a ser disfarçados por representações de alegria que, se confrontada com o espelho das lembranças, será facilmente revelada como tristeza.

No fundo, há poucas pessoas verdadeiramente integradas com o universo de paz e tranquilidade; e isso é a regra, não é excessão. Todos os seres humanos possuem algum trauma, alguma insatisfação ou algum bloqueio. O ideal é que essas coisas não existissem, mas já que existem, o certo é, ao menos, saber conviver com elas.

Ninguém entra doente neste planeta e sai definitvamente curado. Não custa lembrar que, apesar de ser um "hospital", a Terra não faz milagres. Isso porque nossa história não se resume ao que acorre apenas aqui, e sim, ao que fazemos, deixamos de fazer ou fazem conosco nas diversas dimensões em que estamos manifestados. Se estamos aqui de forma bem resolvida, mas não temos bons antecedentes em outros mundos, os nossos algozes vão nos "caçar" e nos atingir pelo que somos e fazemos lá, não pelo que fazemos aqui. É por isso que tanta gente se pergunta porque é tão boa mas sofre tanto.

Chamo a atenção para o fato de este artigo corromper a visão tradicional espiritual-religiosa sobre a reencarnação e a consequente lei do carma. Não só acredito na simultaneidade das existências como eu sei que não temos apenas vidas no passado, mas também no futuro. Na verdade, passado e futuro não existem, o que existe é o agora eterno. Os espiritualistas que apelam tanto para ciência corroborar os seus pressupostos metafísicos hão de querer buscar comprovação para o que eu digo aqui. Sugiro, portanto, estudarem a parte quântica da Física, da Química e da Biologia para se convencerem desta situação.

Tenho percebido, ao longo desse tempo de estudo, muita gente preferir dar vazão a um convencimento psicológico de que as coisas estão bem, ou que já melhoraram, mesmo não sentindo verdadeiramente essa melhora. Alguns dias atrás, uma amiga me disse que tinha passado por problemas emocionais muito sérios e que ao iniciar-se no candomblé, sua vida havia melhorado totalmente. Porém, uma outra amiga em comum a desmentiu dizendo que mesmo depois da tal iniciação ela continuava tendo crises e chorando bastante.

Na Medicina, dá-se o nome a esse fenômeno de "efeito placebo". Por exemplo: um xarope para tosse pode aliviar a dor de quem acredite estar ingerindo um remédio para cólica. Por isso é que os cientistas, ao lançarem um medicamento, o administram em grupos de pessoas que tomarão somente o placebo (sem o princípio ativo da substância) enquanto as outras receberão o remédio contendo esse princípio. Justamente para evitar o efeito psicológico da falsa cura, e, com isso, promover cura real.

Aquelas pessoas, quase todas de boa fé, que vão às igrejas e decidem afrontar até recomendações médicas para atenderem ao pedido de pastores irresponsáveis que as fazem levantar de cadeiras ou fazer movimentos perigosos ao organismo, recebem uma cura realmente "milagrosa". É tão milagrosa que quando elas chegam em casa, os problemas todos retornam.

Voltando ao que mencionei no início desse texto, Muitos costumam fingir uma felicidade e tranqulidade que de fato não estão sentindo. O que impera em muitas almas é o medo, a insegurança, as obsessões, o complexo de inferioridade, bloqueios, entre outros. Felizmente, para tudo isso há um remédio. Porém, esse remédio é administrado na dose certa e no tempo apropriado para que os seus usuários recebam a cura profunda das suas dores. Refiro-me ao remédio do esclarecimento, do aprendizado, da determinação, do autoperdão, da tomada de novas decisões, da mudança de parâmetros e da quebra de pactos ou votos de fidelidade com associações e grupos dominadores presentes nos diverso mundos.

Estou falando de um processo duradouro de cura e ressarcimento. Nada que dure apenas um dia ou uma noite; mas sim, algo que vai exigir do "doente" muita disposição, coragem e vontade de mudar para melhor a sua vida. Quando essa mudança ocorre, a necessidade de fingir desaparece e a batalha interna se torna mais efetiva e menos desgastante.

Por enquanto, já que não alcançamos esse patamar de hábeis guerreiros, conscientes do que que realmente queremos e precisamos, é melhor continuar a disfarçar a dor. Não é o aconselhável, mas é o possível. Devemos lutar com as ferramentas que estão disponíveis e ao nosso alcance naquele momento, sempre buscando melhorar a nossa produtividade e os objetivos. Às vezes, o disfarce é o melhor remédio.


Autor: Gesiel Albuquerque

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